A Coffee & Joy tem no seu DNA o propósito de unir pessoas, desenvolver o conhecimento e informar toda a cadeia dos apreciadores do café sobre diversos assuntos relevantes sobre essa cultura. Por isso, neste artigo, descrevemos um pouco mais sobre uma praga bastante prejudicial ao cultivo do café: a broca do cafeeiro.

A Broca do café é um inseto pequeno, mas que pode causar prejuízos gigantes ao cafeicultor. Ela impacta diretamente na qualidade dos grãos e, consequentemente, no valor do café na hora da comercialização. A broca também é o inseto citado nas pesquisas de qualidade feita com diferentes marcas de café. Em outras palavras, ela é responsável pelos vestígios de inseto citado nos relatórios.

Por isso, nós aqui da Coffee & Joy gravamos um vídeo explicando um pouco mais sobre essa praga que ataca a produção do café.

 

A Broca 

A Broca do Cafeeiro, que possui o nome científico Hypothenemus hampei, da família dos Coleoptera são pequenos besouros de coloração preta. As fêmeas adultas medem 1,7mm de comprimento e 0,7mm de largura. Os machos são menores e medem cerca de 1,2mm de comprimento por 0,5 mm de largura (REIS, et al., 2010).

É muito importante conhecermos o ciclo da broca, pois isso auxilia na hora de realizar o controle da praga. O ciclo é dividido em cinco fases:

– O ovo possui duração de 4 dias;

– período larval 15 dias;

– pré-pupa (larva) 2 dias; 

– pupa (larva) 8 dias;

– adulto 40 dias. 

É importante ressaltar que a fêmea vive em média 156 dias.

O ataque da broca ocorre de 80 a 90 dias após a florada. As brocas vivem nos frutos remanescentes da safra passada. Ou seja, elas saem desses frutos e iniciam o ataque nos frutos da safra atual para perpetuar sua espécie. Por esse motivo, é necessário realizar uma colheita bem feita. Em outras palavras, é preciso retirar todos os frutos da lavoura. Essa prática é um dos melhores controles contra a broca.

Problemas causados pela Broca

A Broca do café é sinônimo de prejuízo. Em ataques severos, pode causar perdas para o agricultor em até 20% no peso dos grãos colhidos e processados; inviabilizar a semente para a produção de mudas; depreciar a qualidade produzida e, consequentemente, aumentar a quantidade de defeitos na classificação física do café. 

Consequência deste defeito causado pela broca é a inviabilização para exportação dos grãos. Isso é um dos maiores impactos para o agricultor, pois existem exigências internacionais que não permitem o recebimento do café com uma determinada porcentagem de defeitos presentes. Mais do que isso, existe também a preocupação de não receber a praga no país que está importando os grãos. 

Os danos causam muitos prejuízos para os produtores e inviabiliza a utilização destas sementes para diversos fins, mas, o mais preocupante é a depreciação dos lotes produzidos em termos quantitativos e qualitativos inviabilizando a utilização deste café para ser comercializado como especial e atender as exigências do mercado de cafés especiais nacional e internacional.

Controle da Broca

Existem diversas pesquisas que buscam colaborar com os produtores para controlar a broca. O mais recomendado é realizar uma boa colheita, não deixando frutos na lavoura. Os frutos que não são colhidos são utilizados como alojamento pela broca do cafeeiro. Essas brocas que ficaram alojadas serão as responsáveis por atacar a próxima safra do agricultor.

Por isso, é fortemente recomendado que se faça o monitoramento da lavoura. É através do monitoramento que será possível identificar os níveis de ataque da praga. Com os níveis de ataque mapeado é possível definir qual é a melhor estratégia de controle. É indicado utilizar armadilhas para identificar, através do trânsito da broca, quais talhões a praga se encontra mais severa.

Como o monitoramento é o melhor aliado do produtor, vamos sugerir uma forma de realizá-lo. Essa metodologia foi desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).

  1. Iniciar o monitoramento 80 – 90 dias após a florada,
  2. Dividir os talhões, idade da planta e carreadores,
  3. Escolher aleatoriamente 30 plantas por talhão,
  4. Dividir as plantas em terço superior, médio e inferior, escolher um ramo em cada terço de cada lado da planta, totalizando 6 ramos por planta e em cada planta será um ponto na planta,
  5. Somar os subtotais e dividir por 18 (Fator Fixo) se o resultado for igual ou maior que 3%, o seu agrônomo deve ser consultado.

Novamente, o melhor controle é uma boa colheita, sem deixar frutos remanescentes. Mas, existem também os controles biológicos. Por exemplo, podemos citar a predação realizada pela vespa-de-uganda e vespa-da-costa-do-marfim.

Para finalizar, é importante ressaltar que os cafés especiais são compostos por grãos sadios e que passam por um rigoroso processo de seleção. Além da análise sensorial que é feita, também é realizada a análise física dos grãos de café para garantir grãos saudáveis. Ou seja, os cafés especiais possuem um cuidado maior e, consequentemente, uma qualidade elevada tanto em características físicas do grão quanto sensoriais.

 

Artigo desenvolvido pelo engenheiro agrônomo da coffee&joy: João Henrique Gonçalves Neve

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