O filtro de pano e o de papel são as formas mais populares de fazer café no Brasil. Eles são práticos, baratos, fáceis de usar e ambos preparam um bom café. Testamos um mesmo café especial nos dois filtros e, neste post, falamos sobre qual a diferença do café feito no filtro de papel e no filtro de pano, tanto no sabor quanto na praticidade de limpeza e usabilidade. Continue lendo para saber ou assista ao vídeo.

 

Sobre o Filtro de Pano

O filtro de pano é uma das formas mais populares de preparar café no Brasil, é simples de usar e faz um café muito saboroso.

A estrutura dos coadores com filtro de pano é bem simples, conta com um tecido de algodão pouco poroso e, normalmente, vem com um suporte circular de metal, madeira e outros materiais. Também é encontrado nos formatos dos filtros de papel convencionais e até com uma haste circular para ser apoiado nos suportes de filtros (coadores) comuns de plástico.

E é isso que o torna tão especial: a sua simplicidade mas que é capaz de unir várias qualidades desejáveis em um só café.

Um detalhe importante sobre o filtro de pano é a limpeza e o armazenamento. Por ser feito de tecido e usado diariamente, o filtro de pano retém muitos resíduos que afetam a qualidade e sabor do café com o tempo. O ideal é trocar o filtro de pano por um novo pelo menos uma vez no mês.

Antes de cada uso, é importante sempre escaldar o tecido, jogando água fervida nele para limpar. Após o uso, o coador deve ser higienizado com água quente, pode usar sabão ou detergente neutro. Ele deve ser guardado em um pote ou vasilha com água e tampado na geladeira para evitar a proliferação de bactérias.

Apesar do coador de pano não durar tanto tempo como o filtro de metal, é uma boa alternativa para quem quer reduzir a utilização de filtros de papel.

Sobre o Filtro de Papel

O porta-filtros que conhecemos hoje foi inventado em 1908 por uma dona de casa alemã, a Dona Melitta Bentz. Ela estava em busca de um café gostoso que não ficasse com resíduos do pó na xícara e foi a precursora do coador mais famoso do planeta, que até hoje leva o seu nome.

Aqui no Brasil, o coador e o filtro de papel chegaram por volta do ano de 1968. Hoje, ele é uma das formas de preparar café mais utilizada pelos brasileiros, junto com o tradicional coador de pano. 

Com o passar dos anos, o suporte de filtro foi evoluindo e hoje se encontra versões com diversas cores e materiais, como porcelana e vidro. Também é possível encontrar o coador com curvaturas e ângulos diferentes, como por exemplo o cônico ou o de base achatada, que trazem resultados diferentes na xícara para todos os gostos. 

Uma coisa é certa: a grande diversidade de coadores de papel anima qualquer barista e entusiasta dos cafés especiais.

A Batalha dos Métodos

Para fazer uma comparação entre as diferenças do café feito no filtro de pano e no filtro de papel, usamos o mesmo café especial: o Havaí. Ele é um café marcante que possui notas naturais de cereja, framboesa, lima e abacaxi. A acidez é complexa málica e cítrica. O corpo do café Havaí é denso e possui uma finalização que é ao mesmo tempo doce e ácida. Uma explosão de sabores.

Escolhemos este café pois ele tem acidez complexa e notas frutadas bem marcantes e, por isso, é excelente para fazer a comparação nos dois tipos de filtro. Os cafés especiais tem melhor qualidade, notas sensoriais naturais e são bem mais agradáveis que os tradicionais. Por isso, para fazer este teste, faz muito mais sentido usar este tipo de café. Se você ainda não conhece cafés especiais, sugiro começar por aqui.

Para o preparo em cada filtro, usamos 15g do café Havaí na mesma moagem: a média. Se a moagem for muito grossa, a água irá passar muito rápido sobre o café ele ficará sub-extraído. Por outro lado, se a moagem for muito fina, o café terá uma super-extração, porque tem uma maior superfície de contato com o pó.

Quer ver outras batalhas de métodos?

– 1a edição: Diferença do Café Feito na Prensa Francesa e no Filtro de Papel.

– 2a edição: Diferença do Café Feito no Coador com Filtro de Papel e no Coador com Filtro de Inox

Fervemos 150ml de água para usar em cada filtro. Mas antes, escaldamos os dois para tirar quaisquer resquícios de impurezas, o gosto de papel e do pano dos filtros e também para já deixar tudo na mesma temperatura.

Fizemos os cafés da mesma forma conforme as indicações de preparo. Colocamos um pouco da água para fazer a pré infusão, aguardamos 30 segundos e colocamos o restante em movimentos circulares e constantes. O tempo total de cada preparo foi de 3 minutos. Aqui tem os passo a passo completos de como fazer cafés nestes e em outros métodos.

O resultado final na xícara foi surpreendente!

Veja só o resultado:

FILTRO DE PANO : o que mais se destacou aqui foi o corpo, ou seja, o peso do líquido dentro da boca. Ficou bem mais oleoso e suculento se comparado com o café do filtro de papel. Na xícara, o líquido fica levemente mais turvo, alguns poucos pozinhos de café passam para a xícara e o café também fica com mais óleos. Isso era esperado, já que o filtro de pano tem menos barreira para passar o café que o de papel, o que permite a passagem dos óleos e um pouco dos resíduos de pó de café. Com relação a acidez, não fica tão evidente como a do filtro de papel e, por isso, fica mais doce. A minha conclusão é de utilizar aqui cafés com perfis sensoriais mais voltados para frutas brancas, chocolates, doces, caramelo, castanhas e especiarias, já que é a doçura e o corpo que mais vão realçar no filtro de pano. 

FILTRO DE PAPEL : o café ficou perceptivelmente mais limpo na xícara, sem nenhum resíduo de pó. A bebida teve um equilíbrio entre os sabores do café, a acidez ficou mais evidente, comparado com o café no filtro de pano. O peso do café na boca (corpo), também fica mais sutil e mais leve. Senti a doçura do café facilmente. A minha conclusão é que, para o filtro de papel, usar cafés mais frutados e com mais acidez é melhor, já que são estes os atributos que mais são identificados neste método.

Se quiser aprofundar no assunto e entender melhor o que são os atributos sensoriais do café que falamos aqui, como acidez, corpo e sabor, tem um ebook aqui completo explicando o que é cada um deles. 

Agora, indo um pouco mais adiante, comparamos a diferença dos filtros de pano e de papel, considerando outros pontos, como limpeza, praticidade, dificuldade e versatilidade.

Pontuamos cada um deles numa escala de 1 a 5, veja só:

Conclusão

Depois de fazer os testes e analisar todos os atributos sensoriais, de limpeza e praticidade, a minha opinião pessoal é que o filtro de papel deve ser usado por quem gosta de cafés mais frutados com uma xícara mais limpa. Ele é muito fácil de limpar e tem como alterar as receitas para ter resultados diferentes na xícara.

O filtro de pano traz uma bebida com mais corpo e óleos, então para quem gosta de café mais intenso, é uma boa opção. Além disso, não utilizar filtros de papel é um excelente método para quem se preocupa com a sustentabilidade e o futuro do planeta. E também há economia, por dispensar qualquer acessório extra. Mas é necessário trocar o filtro de pano pelo menos uma vez por mês e guardar ele na geladeira.

E você, o que acha de cada um deles? Me conte nos comentários qual o seu preferido e se tem mais alguma dúvida sobre eles. Deixe também sugestões de batalhas que você gostaria de ver por aqui.

O mais importante de tudo, é que o café tem que ficar gostoso para quem vai tomar e escolher o tipo de café e a forma que vai preparar é muito importante para chegar na fórmula do café que cabe no seu dia a dia.

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