Qual a Diferença do Café Feito na Prensa Francesa e no Filtro de Papel?

Publicado em Tags , , Deixe um comentário em Qual a Diferença do Café Feito na Prensa Francesa e no Filtro de Papel?

Para fazer um café, precisamos de uma receita, quase igual a uma receita de bolo. Tem a quantidade do pó e da água, o tempo que vai passar o café, a temperatura da água e até a velocidade que coloca ela no pó. Mas, se pegarmos a mesma quantidade de pó e de água, qual a diferença de fazer café na prensa francesa e no filtro de papel?

A cada variável que você muda na hora de fazer o café, o resultado final na xícara também muda. Às vezes as diferenças são muito pequenas, outras muito perceptíveis. No final das contas, o que mais importa é que quem vai tomar fique satisfeito com o resultado.

Gravamos um vídeo com as nossas percepções sobre as diferenças de fazer um mesmo café, em dois métodos diferentes: na prensa francesa e no filtro de papel. Assista ao vídeo completo para ver o resultado ou continue lendo.

 

 

Sobre o Filtro de Papel

Em busca de um café gostoso e sem resíduos na xícara, Dona Melitta Bentz, uma dona de casa alemã, inventou o porta-filtros que recebe seu nome, em 1908.

O filtro de papel chegou no Brasil por volta de 1968 e hoje é um dos métodos de preparo de café mais utilizados pelos brasileiros, junto com o tradicional coador de pano. 

Com o passar dos anos, o suporte de filtros evoluiu, ganhou muitas cores e mudanças de material (como as versões em porcelana), curvaturas e ângulos, além da adição de mais furos na base – o que facilitou o escoamento da bebida e controle durante a extração. Tem opção para todos os gostos e estilos.

 

Sobre a Prensa Francesa

A prensa francesa é um utensílio de preparar café bastante antigo. A primeira versão da prensa francesa foi patenteada em 1852, na França. Nessa versão, já existia a ideia de utilizar o recipiente cilíndrico para colocar o café e água e a haste com o filtro conectado na ponta. Para separar o café da água bastava abaixar a haste com o filtro.

Entretanto, o modelo mais parecido com o que utilizamos hoje foi patenteado em 1929 pelos italianos Attilio Calimano e Giulio Moneta. Por conta disso, é atribuída a eles a invenção da prensa francesa.

A prensa francesa é uma ótima maneira para preparar café. Prática e elegante, traz um charme e tanto para o momento café. Existem diferentes tipos e tamanhos desse método no mercado, desde os mais simples aos mais elaborados, de duas a oito xícaras, de diferentes marcas e cores. Dessa maneira, é possível pesquisar para encontrar o que melhor se encaixa no seu estilo de vida.

 

A Batalha dos Métodos

Para fazer uma comparação entre as diferenças do café na prensa francesa e no filtro de papel, usamos o mesmo café especial: o Tropicália. Ele é um café que possui notas frutadas de manga, suco de abacaxi e uva branca. Tem acidez cítrica equilibrada, corpo médio e cremoso e finalização média.

Escolhemos este café, pois ele tem acidez e notas bem fáceis de serem identificadas e, por isso, será um melhor ponto de comparação nos dois métodos. Os cafés especiais tem melhor qualidade, mais notas sensoriais e são bem mais agradáveis que os tradicionais. Por isso, para fazer este teste, faz muito mais sentido usar este tipo de café. Se você ainda não conhece cafés especiais, sugiro começar por aqui.

Usamos 30g de café para cada método, nas moagens adequadas para cada um deles. Para o filtro de papel, fizemos a moagem média. Já para a prensa francesa, a moagem grossa. A moagem grossa é utilizada na prensa francesa pois o processo de extração do café é feito por infusão, assim o café moído ficará em contato com a água por mais tempo. Se a moagem fina fosse utilizada o café teria uma super-extração, pois a superfície de contato das partículas do café moído fino são maiores. Se não tiver moedor em casa e quiser testar, aqui você pode pedir café com moagens diferentes para cada método.

Fervemos 300ml de água para cada método. Mas antes, escaldamos os dois para tirar quaisquer resquícios de impurezas, tirar o gosto de papel do filtro e já deixar tudo na mesma temperatura.

Fizemos os cafés conforme as indicações de preparo e o tempo total de cada preparo foi de 3 minutos. Aqui tem os passo a passo completos de como fazer cafés nestes e em outros métodos.

O resultado final na xícara foi surpreendente!

Veja só o resultado:

 

FILTRO DE PAPEL : o café ficou perceptivelmente mais limpo na xícara, sem nenhum resíduo de pó. A bebida teve um equilíbrio entre os sabores do café, a acidez ficou mais evidenciada, comparado com o café na prensa francesa. O peso do café na boca (corpo), também fica mais sutil e mais leve. Senti a doçura do café facilmente. A minha conclusão é que para o filtro de papel, usar cafés mais frutados e com mais acidez, é melhor, já que são estes os atributos que mais são identificados neste método.

PRENSA FRANCESA : o que mais se destacou aqui foi o corpo, ou seja, o peso do líquido dentro da boca. Ficou bem mais oleoso e suculento se comparado com o café do filtro de papel. Na xícara, o líquido fica mais turvo, alguns pozinhos de café passam para a xícara e o café também fica com mais óleos. Isso era esperado, já que a prensa usa um filtro de metal mais grosso, que permite a passagem dos óleos e dos resíduos de pó de café. Com relação a acidez não fica tão evidente como a do filtro de papel e, por isso, fica mais doce. A minha conclusão é de utilizar aqui cafés com perfis sensoriais mais voltados para chocolates, doces, caramelo, castanhas e especiarias, já que é a doçura e o corpo que mais vão realçar na prensa francesa. 

 

Para ficar mais fácil analisar esses atributos que falamos aqui, como acidez, corpo e sabor, tem um ebook aqui completo explicando o que é cada um deles. 

Indo um pouco mais adiante, comparamos a diferença da prensa francesa e do filtro de papel, considerando outros pontos, como limpeza, praticidade, dificuldade e versatilidade.

Pontuamos cada um deles numa escala de 1 a 5, veja só:

Conclusão

Depois de analisar cada um dos atributos da batalha dos métodos, a minha opinião pessoal é que o filtro de papel deve ser usado por quem gosta de cafés mais frutados com uma xícara mais limpa. Ele é muito fácil de limpar e tem como alterar as receitas para ter resultados diferentes na xícara.

A prensa francesa traz muito corpo e óleos, então para quem gosta de café “forte” é uma boa opção. Ela é mais prática na hora de preparar, mas menos versátil para limpar. Também é ótima para quem recebe pessoas em casa. Ela é elegante para servir e, se a sua for grande como a minha, faz até 8 xícaras de café. Tem alguns modelos disponíveis de prensa francesa aqui neste link.

Eu gosto dos dois de forma diferentes! E, no final das contas, o que mais importa, é que o café tem que ficar gostoso para quem vai tomar.

Ficou com mais alguma dúvida sobre a diferença entre café feito na prensa francesa e no filtro de papel? Me fala aqui nos comentários que eu respondo.

E se você quiser experimentar cafés especiais, com torra fresca e que vem na moagem que você quiser, comece por aqui.