Você Gosta Do Café Que Toma Ou Só Se Acostumou Com Ele?

Publicado em Tags ,

Sabe aquele café de todo dia, que você toma quase no automático? Pare um pouquinho e reflita: você realmente aprecia o sabor do café que está na sua xícara ou apenas se acostumou com ele na rotina? Muita gente começa a beber café para acordar ou por hábito social, mas nem percebe se gosta de verdade do gosto. Tem até quem diga que “café bom é café forte e amargo mesmo”, enquanto enche a xícara de açúcar para conseguir beber. Será que é o seu caso também? Assista o vídeo ou continue lendo.

Você gosta mesmo ou é só costume?

É comum a gente ouvir alguém falar: “Eu não vivo sem café”. Mas aí você pergunta se a pessoa gosta do sabor e ela responde: “Ah, eu gosto é do efeito, do cheirinho… O sabor eu já acostumei”. Se identificou? Alguns sinais de que você pode ter apenas se acostumado com o café que toma, em vez de realmente curtir cada gole, incluem:

Formas de reduzir o amargor: você só consegue beber café com bastante açúcar, leite ou adoçante para disfarçar o gosto amargo.

Paladar acomodado: toma a mesma marca de café há anos, sem experimentar outras, e parte do princípio de que “todo café é igual”.

Cafeína > Sabor: você precisa do café pra despertar, mas raramente saboreia com calma – bebe mais pela cafeína do que pelo gosto.

Falta de variedade: quando prova um café diferente do habitual (mais forte, mais fraco ou de outro método), você estranha o sabor e não aprecia, porque seu paladar se moldou àquele único perfil.

Se algum desses pontos soa familiar, não se preocupe: muita gente passa por isso. O paladar realmente se acostuma com sabores intensos ao longo do tempo. O café tradicional, de qualidade inferior e torra muito escura, acaba deixando a bebida tão amarga que esse gosto forte vira o “normal” para muitos brasileiros. Não é à toa que boa parte das pessoas só bebe café com várias colheres de açúcar – caso contrário, seria difícil engolir aquele líquido extremamente amargo e com gosto queimado. A verdade é que, durante muito tempo, a gente tomou café pelo costume e pela energia, não necessariamente pelo sabor em si.

Por que nos acostumamos com o café amargo?

Historicamente, o brasileiro se habituou a cafés de baixa qualidade, muito torrados nas indústrias. Os grãos tradicionais disponíveis no mercado muitas vezes contêm defeitos e impurezas, e a torra exageradamente escura serve para esconder esses defeitos. O resultado? Um café super forte, de cor preta e gosto amargo, quase impossível de beber sem açúcar. Esse perfil robusto acabou virando o “sabor de café” que muita gente conhece desde criança.

Com o tempo, nosso paladar associou café a algo necessariamente amargo, e a gente se acostumou com isso para conseguir aproveitar a cafeína e o momento social de tomar um cafezinho. Foi assim que várias gerações passaram a encarar café como uma bebida amarga por natureza, algo que você toma mais pelo hábito (ou pelo “choque” de energia) do que pelo prazer gastronômico.

Um mundo de sabores para descobrir

Mas aqui vai uma notícia animadora: não precisa ser assim para sempre! Você não precisa se limitar a “tolerar” o café de todo dia. Existe um universo de cafés especiais, com qualidade superior e sabores naturalmente deliciosos, esperando para ser descoberto. Quando você prova um café de qualidade de verdade, bem preparado, percebe que aquela amargura intensa não é obrigatória. Dá pra sentir doçura natural, uma acidez agradável, notas que lembram chocolate, caramelo ou frutas – tudo isso sem adicionar nada, apenas vindo do próprio grão!

Imagine se, todo dia de manhã, em vez de fazer careta com um café amargo, você pudesse sorrir sentindo um aroma doce e um sabor que agrada seu paladar de primeira. Cafés especiais podem proporcionar exatamente isso. Diferentemente do café comum, o café especial passa por um cuidado rigoroso desde a fazenda até a torra. Os grãos são selecionados e colhidos no ponto certo, depois torrados de maneira artesanal para ressaltar o melhor de cada origem. O resultado na xícara são bebidas equilibradas, sem aquele gosto de queimado, que muitas vezes dispensam qualquer açúcar porque já têm um sabor rico por si só.

Ao experimentar um café especial, muita gente fica encantada e não quer mais voltar ao café tradicional. Afinal, quem descobre que café pode ter um gosto naturalmente doce e complexo percebe que estava perdendo uma parte importante da experiência. É como trocar uma TV antiga em preto e branco por uma com imagem em cores vivas – depois que você enxerga a diferença, não dá pra querer voltar atrás!

Se você quiser sentir essa diferença na prática e descobrir um café que realmente te conquiste, pode encontrar diversas opções incríveis na loja da coffee&joy, ou até assinar para receber cafés selecionados e fresquinhos em casa todos os meses. Nosso propósito é levar até você grãos especiais que façam você dizer: “Agora sim, esse é o café que eu gosto de verdade!”.

Dicas para se apaixonar de vez pelo café

Tudo bem, você decidiu dar uma chance para um café melhor e quer realmente apreciar cada xícara. Por onde começar? Separei algumas dicas simples que podem ajudar nessa jornada de transformar seu hábito em um prazer:

Experimente aos poucos: tente provar um café novo sem adicionar açúcar. No começo pode estranhar um pouquinho, então vá devagar. Sinta um gole de cada vez e repare nos sabores além do amargo – de repente você nota um fundinho doce, uma pontinha achocolatada ou um aroma diferente.

Escolha um bom grão: dê preferência a cafés especiais de torra média/clara, que costumam ser mais suaves e ter notas sensoriais interessantes. Por exemplo, um café com perfil achocolatado ou com notas de caramelo pode ser ótimo para quem está saindo do paladar do café tradicional. Temos uma categoria de intensos que são uma ótima porta de entrada para quem quer começar no mundo dos especiais.

Mude o método de preparo: se você sempre faz o café do mesmo jeito, que tal variar? Um café coado em método filtrado (como Hario V60, Koar ou mesmo o coador de pano tradicional) pode realçar mais a doçura, enquanto uma prensa francesa destaca o corpo e a textura. Às vezes, mudar o método muda completamente a experiência na xícara e revela sabores que você nunca tinha percebido.

Capriche na proporção: um erro comum é usar pó demais pra pouca água, resultando em uma bebida muito forte e amarga. Tente seguir uma proporção mais equilibrada (por exemplo, aproximadamente 1 colher de sopa rasa de pó para 1 copo americano de água) e veja a diferença que isso faz no sabor. Um café bem preparado, na medida certa, fica muito mais gostoso e fácil de beber sem precisar adoçar.

Aproveite o momento: em vez de tomar o café correndo, reserve uns minutinhos só para ele. Sinta o aroma antes do primeiro gole, beba com calma e perceba as nuances de sabor. Transforme o café da manhã ou da tarde em um pequeno ritual prazeroso – aquele instante de pausa só seu. Quando você presta atenção e se permite desfrutar, o café deixa de ser só uma rotina e vira um momento especial do dia.

Transforme o hábito em prazer

No fim das contas, café bom de verdade é aquele que você gosta de tomar – não o que você toma só por tomar. Se o café da sua rotina anda meio sem graça, ou se você percebeu que bebe mais por costume do que por prazer, fica aqui o convite: permita-se explorar novos sabores e encontrar um café que te faça feliz a cada xícara. Você vai ver que vale a pena trocar o “se acostumar” pelo apreciar.

Na coffee&joy, a gente acredita que todo mundo merece essa experiência. Então, que tal dar o próximo passo? Vem com a gente descobrir cafés incríveis que podem transformar o seu momento do café em puro prazer, do jeitinho que tem que ser.

Café Especial Intenso – O que é e como Fazer?

Publicado em Tags , , ,

O café especial intenso é como aquele café que encaixa como luva em diversas situações. É perfeito para usar nos drinks e ressaltar o sabor do café e também é ótimo para os iniciantes no mundo do café especial. Mas o que é que está por trás do café intenso? Continue lendo ou assista o vídeo.

É sempre importante relembrarmos a origem do café. As pessoas não estão acostumadas a ver o café como uma fruta, mas é o que ele é de fato. A gente consome a semente, que é torrada e moída. Por isso, o café tem suas características próprias que variam de acordo com o local onde ele é cultivado. Pensando nisso, vem a pergunta: o que significa um café especial ‘intenso’?

Quando o café é bem tratado na lavoura, quando ele passa por processos cuidadosos depois que sai do pé, e quando ele tem uma torra bem feita, de acordo com a personalidade que ele vem de natureza, conseguimos identificar notas características que remetem a outros alimentos e cheiros. Essas são as notas sensoriais, que variam de café para café. 

Descubra como sentir as notas sensoriais dos cafés especiais.

Na medida que esses cafés são descobertos, começamos a entender que eles podem ter características similares – apesar de nunca iguais – que nos permite agrupá-los. Aqui na coffee&joy, nós personalizamos essas categorias da seguinte forma: cafés intensos, cafés doces, cafés exóticos e cafés frutados.

O que é um café intenso?

Quando um café sai da fazenda, ele precisa passar por uma prova técnica que nos permite identificar e nomear algumas características naturais dele. As notas sensoriais dos cafés especiais nascem pela forma na qual o café é colhido e tratado na lavoura. Essas características são naturais, próprias, como leves nuances e significam que o café remete um pouco ao sabor dos alimentos das notas sensoriais.

Os cafés especiais intenso são os cafés que, nos testes de torra, é possível identificar notas mais marcantes e que lembram chocolate. Então, ajustamos o perfil de torra para realçar, ao máximo, essa característica da própria identidade do café.

Para chegar num café intenso, colocamos mais energia no torrador, para caramelizar mais o grão verde do café, buscando chegar mais nas notas que lembram chocolate amargo ou ao leite – com uma potência de sabor.

São cafés ideais para quem gosta de café mais “forte”.

Café Intenso Oásis

Como de exemplo, temos o café intenso Oásis do menu da assinatura. Ele é produzido pela família do Ciro, junto com sua esposa, Maisa, e seus dois filhos, Gustavo e Rodrigo. Eles estão em Pratinha, Minas Gerais, na fazenda Chapadão – que inclusive, é um verdadeiro Oásis. O contato com a natureza, a casinha no meio da vegetação, em volta de várias árvores frutíferas, é o verdadeiro paraíso.

Os cafés intensos geralmente possuem uma torra média-escura ou escura. Uma característica que os cafés especiais intensos têm é que eles têm a intensidade semelhante com os cafés que as pessoas estão acostumadas a tomar no Brasil, o café “forte”.

Café intenso é para quem?

Os cafés intensos são indicados para as pessoas que estão começando no mundo dos cafés especiais, justamente para que elas consigam se adaptar às diferenças e explorar as outras categorias dos cafés especiais com tranquilidade.

Os cafés intensos também são os cafés usados para fazer espresso. Uma vez que tem a intensidade e as notas de caramelo que são essenciais para um espresso clássico.

Os cafés intensos são os melhores para fazer receitas com café. Isso porque eles concentram mais o sabor do café em meio à outros ingredientes. Perfeito para receitas com leite e sobremesas. 

Veja aqui 4 receitas clássicas de cafeteria que vão café intenso.

Como fazer café intenso?

Não obstante, os métodos de preparo também têm grande importância no sabor final do café, uma vez que podem ressaltar ou apagar certas características dos cafés. Por exemplo, a Cafeteira Italiana – nossa querida moka – foi criada para substituir as máquinas de espresso na Itália. Por isso, naturalmente ela já potencializa a intensidade dos cafés. 

Veja como fazer café na Cafeteira Italiana.

O fato de não preparar o café na cafeteira italiana não significa que ele não ficará intenso. Os cafés da categoria ‘intenso’ da coffee&joy já são intensos por si só. O método de preparo vai apenas realçar aquilo que já é natural do grão. Portanto, se você não tiver uma cafeteira italiana, não se preocupe! Preparando o Oásis no coador de pano, de papel ou qualquer outro método, ele vai continuar sendo intenso.

Além disso tudo, a proporção também é uma variável importantíssima quando o assunto é a intensidade do café. Quanto maior a quantidade de pó de café para a água, mais intenso o café fica.

Agora é só escolher o que te agrada mais e… enjoy!

Café Forte ou Café Fraco? O Que São os “Chafés” e o Que Realmente está por Trás dos Cafés Fortes

Publicado em Tags , , , ,

É muito comum para quem gosta de um café mais intenso e está acostumado com os comuns – que são aqueles cafés que se encontram nas gôndolas dos supermercados -, relacionar a coloração escura da bebida com a intensidade. Além disso, comparar o café especial mais claro com chá ou “chafé” pelo mesmo motivo. Mas sabia que a cor do café tem mais a ver com a qualidade da matéria prima utilizada e o grau de torra do grão? 

O “café forte” é uma classificação que as pessoas dão a um café que, normalmente,  foi extremamente torrado para disfarçar defeitos e, por isso, só traz amargor e gosto de queimado.

Quer saber como isso ocorre e descobrir o porquê do café especial gerar uma bebida com tonalidade mais clara na xícara? Assista ao vídeo ou continue lendo o post.

 

O Processo do Café e os Tratos Antes da Torra

O café tradicional extra-forte é um tipo de café que se encontra facilmente nos supermercados e que está presente em muitas casas brasileiras. Por isso, ele é um café produzido em massa para atender essa grande demanda.

Já o café especial, é produzido em menor escala e se encontra mais facilmente em lojas específicas, assinaturas e e-commerce especializados. Na maioria das vezes, vem com identificação de origem, torra fresca e em embalagem que preserva suas qualidades por mais tempo.

Mas, antes de tudo, para entender porque existe café forte e café fraco e qual a diferença de café especial e café comum, é necessário voltar para conhecer um pouco como é o processo do café como um todo. Em outras palavras, é importante entender alguns caminhos que o café percorre desde a fazenda até chegar na xícara.

É importante lembrar que o café é um fruto. Ele é uma cultura perene que se colhe uma vez ao ano. Isso quer dizer que a planta deve ser cuidada durante o ano todo para ter frutos de qualidade.

Depois que o café é colhido, ele passa por processos de secagem em terreiros ou maquinário próprio, até chegar em uma determinada umidade. Este processo pode demorar vários dias para concluir ainda na fazenda. Só depois de secar é que o café ficará na umidade ideal para ser beneficiado até que, por fim, ele será vendido e negociado cru. 

Se quiser ver mais detalhes sobre estes processos na fazenda e do preparo do café para comercialização, tem um post completo aqui que mostra com detalhes a longa jornada do café da lavoura até a xícara.

Esta daqui é uma amostra real de um café que é comumente chamado pelos corretores de cafés de “escolha” e que é vendido para ser torrado. Esse café tem vários defeitos e impurezas, como grãos ardidos, verdes mal granados, gravetos, pedras, cascas, etc.

Isso acontece porque o café é uma fruta. Ela pode apodrecer, sofrer fermentação indesejável com ação de fungos e bactérias, que formam grãos pretos e ardidos, por exemplo. 

Se for colhido no tempo errado, ainda haverá grãos verdes, oriundos da fruta que não madurou direito. Também, pode haver outros defeitos por conta de ataque de praga na planta, por exemplo. Isso acontece com o café, igual com qualquer outra fruta.

Além disso, depois que o café é beneficiado, ele pode ou não passar por uma fase chamada de re-beneficiamento. Nessa fase, separa-se grande parte dos grãos perfeitos das impurezas e dos grãos com os defeitos.

Isso é completamente normal no processo, já que o café é uma fruta e pode sofrer ações naturais ou externas que fazem com que perca qualidade.

Mas a diferença do café para as outras frutas é que, este tipo de café que tem defeitos e impurezas, será aproveitado pela indústria, torrado e vendido para consumo.

A Torra dos Cafés Fortes

O próximo passo do café depois dos processos acima é chamado de torra, que é a fase em que o café adquire cor e sabor. É aqui que entendemos o de onde vem a expressão “café forte”. Quando se compara uma amostra de café comum (foto: amostra da direita) torrada e moída com uma de café especial (foto: amostra na esquerda), é possível perceber a diferença de cores. Nos cafés comuns, a tonalidade é bem escura. Isso acontece porque nesses cafés, geralmente, é aplicada uma torra mais forte onde se “cozinha” o grão por mais tempo em temperaturas mais elevadas. Esta torra mais potente também é usada para disfarçar todas aquelas imperfeições presentes na matéria prima, já que uniformiza os grãos, deixando tudo na mesma coloração e, ainda, traz um amargor e a sensação de café “forte” na xícara.

Café especial torrado (esquerda) e café comum torrado (direita)

Este “café forte” é tradicionalmente consumido aqui no Brasil e as pessoas estão acostumadas a tomar café amargo e muito escuro. A reação de alguém quando toma um café especial pela primeira vez, que a coloração é mais clara, muitas vezes é algo parecido com “isso não é café, está muito aguado – é chafé” e que “café de verdade é café forte e amargo”.

Indo um passo além e refletindo sobre nossos gostos e tradições, a culinária brasileira é extremamente diversificada e balanceada. Consome-se muitos grãos como arroz e feijão, os mais diversos vegetais e tipos diferentes de carnes.

Essencialmente, se tempera a comida usando alimentos que são extremamente aromáticos e que não amargam a comida, muito pelo contrário, potencializa o seu sabor e harmoniza perfeitamente. Os temperos variam por região, mas se usa, por exemplo, sal, alho, coentro, azeite de dendê entre outros.

O interessante é que nenhum desses temperos amargam a comida. E por que o café – que é um alimento que é consumido diariamente e às vezes, várias xícaras por dia – tem que ser amargo? E por que a maioria esmagadora das pessoas falam que café tem que ser forte? Porque tem que tomar café muito quente e escaldante para ser suportável ou disfarçar com muitas e muitas colheres de açúcar para conseguir tomar?

Já que temos uma culinária baseada no sabor e na harmonia, porque quando o assunto é café, não se preocupa com sabor mas só com a potência de amargor que vem de um cozimento muito excessivo? 

foto: shutterstock

Na cozinha, quando algum alimento queima e passa do ponto, ele não é consumido. Quem já cozinhou muito o arroz a ponto de queimar, sabe qual a sensação de pescar grãos branquinhos na panela, mas que mesmo assim ficam com cheiro da fumaça amarga.

E por que as pessoas fazem isso com o café? Café é um alimento, uma fruta e, como qualquer outra, tem que ser tratado com muito cuidado. Mas muitas pessoas ainda consomem um café que foi extremamente torrado, a ponto de carbonizar e queimar, o que deixa ele muito mais amargo. Mais do que isso, ele tem que ser consumido quando muito quente ou com muitas colheres de açúcar, para disfarçar esse amargor.

Por que o “Chafé” é o Melhor Café?

Na hora de fazer o café, quando se fala de cafés comuns, além da torra muito escura, a moagem do pó ainda é extremamente fina. Isso faz com que se extraia muito os compostos que estão ali, já que a superfície de contato com a água quente é bem maior do que um café com uma moagem média, por exemplo. 

Por outro lado, o café especial (ou “chafé” como é chamado muitas das vezes) não apresenta aquela cor escura do café “pretinho” comum. Mas essa cor clara não interfere na intensidade do sabor, pelo contrário, ela ressalta sabores e aromas que vem dos tratos culturais na lavoura combinados com a técnica de uma torra bem feita. Para aprofundar mais nas características sensoriais dos cafés, veja este outro post aqui.

O café especial, diferente do tradicional, é um café tratado com cuidados bem minuciosos. Todo o processo que ele passa é transparente e cauteloso. Por não ser um café de grande escala de produção, é possível conhecer a origem, as pessoas e tudo que está por trás dele. 

Esse tipo de café é cuidadosamente separado, cuidado e bem uniforme. Na etapa de re-beneficiamento do café, o especial é aquele que foi separado dos defeituosos. Quando se compara uma amostra real do café comum com o especial antes de torrar, a diferença é extremamente chocante.

Amostra de café comum cru (esquerda) e amostra de café especial cru (direita)

 

Torra do Café Especial

Já no processo de torra, quando se fala de café especial, ele é bem mais complexo que aquela única torra escura do café comum. Por ser um café puro e bem cuidado, cada lote tem as suas qualidades sensoriais naturais e é na torra que será possível destacá-las. 

Para conseguir evidenciar todo o potencial de cada grão, ele passa por uma série de testes de torra, em um processo técnico e cuidadoso, feito por profissionais qualificados. E, enfim, é aplicada aquele perfil de torra que mais destaca o potencial dele. Veja mais sobre o processo de torra dos cafés especiais neste link aqui.

E é por isso que, dentro deste universo de cafés especiais, é possível trabalhar com níveis de variação de torra, por exemplo clara, média e escura e que confere as seguintes características para a bebida: 

Tora clara: café com acidez alta, aroma sutil, com corpo e doçura moderados.

Torra média: café com acidez equilibrada, aroma acentuado, com corpo e doçura bem desenvolvidos.

Torra escura: café com acidez e corpo reduzidos, aroma acentuado, com notas de chocolate meio amargo (torra escura é diferente de torra carbonizada, que lembra borracha queimada e a doçura é substituída por um intenso amargor.

 

Mito do Café Forte X Café Fraco

Normalmente, as pessoas assimilam o café fraco com um café aguado ou feito com pouco pó. Mas se tratando de cafés especiais, o café de torra clara deixa a bebida com tons mais avermelhados devido a sua torra. O sabor, todavia, não vai ser aguado.

A verdade é que este tipo de torra, se bem feita, irá destacar a acidez e doçura natural do café e o resultado será uma bebida com sabor diferente, extremamente aromática, com presença e corpo.

Quando se prepara um café comum, com poucas colheres de sopa é possível fazer um litro de café, já que a única característica que se extrai da bebida é a cor (preta) e o amargor.

Já nos cafés especiais, um bom ponto de partida é usar 15g de pó de café (cerca de 1 colher de sopa bem cheia), para 150 ml de água. Uma diluição muito maior do que para os cafés comuns. Veja aqui como fazer café em casa como um barista.

Mas e Para Quem Gosta de Café Forte e Amargo?

Gostar de um café intenso não é motivo para tomar cafés ruins e que não tragam tudo o que o grão tem de melhor na xícara.

Para quem está começando ou quer experimentar os cafés especiais, é muito indicado começar por cafés de torra escura. Esse perfil de torra nos cafés especiais, irá ressaltar notas mais intensas e envolventes, com sabores que lembram chocolate amargo e castanhas – mas nunca aquele amargor excessivo do café comum.

Se quiser uma dica por onde começar, veja esse kit de degustação de cafés aqui ou então este outro kit de cafés intensos.

Outro ponto muito importante é a proporção que vai usar na hora de preparar. A intensidade também está muito ligada a isso, se o resultado que procura é um café mais intenso como sabor marcante – “o então café forte”, – use uma proporção mais concentrada 15g (uma colher de sopa bem cheia) para cada 150 ml de água. Nessa proporção é possível sentir toda a complexidade do café especial e ainda manter o café intenso.

A forma com que prepara o café também influencia muito. Se gosta de café mais forte, porque não fazer um café na cafeteira italiana ou na máquina de espresso? São duas formas de fazer café que deixam a bebida bem mais intensa.

Se quiser aprofundar no assunto, aqui tem dicas de como fazer café em casa, de várias formas diferentes.

Porque, no final das contas, o que importa é que o café fique gostoso para quem vai tomar. E, mais do que isso, informação sobre processos é importante para que as pessoas entendam e consigam fazer escolhas conscientes na hora de escolher o café que vai tomar todo dia – e até várias vezes no mesmo dia.

Uma Reflexão

E agora, depois de ver todas essas diferenças, a conclusão que eu chego é que, na verdade, seria o café especial o verdadeiro café? O “Chafé” como é chamado o café de cor mais clara e avermelhada não seria, na verdade, o melhor potencial do café? O café comum não deveria então ser o café especial?

E digo mais, café especial mais clarinho é realmente sinônimo de café fraco ou aguado? Faz o teste aí, compare os dois e depois me conta aqui nos comentários.